sexta-feira, 23 de março de 2012

Ideias a reboque


 (Artigo Tribuna das Ilhas - 23/03/2012)
2012 é o ano em que os açorianos serão chamados a eleger um novo governo para comandar os destinos da nossa Região. O PS tem estado à frente desses destinos e, apesar de reconhecermos que nem tudo está bem, podemos afirmar que os Açores são hoje um sítio muito melhor para se viver do que nos tempos em que a Região era comandada por outras fações. Uma boa notícia, que confirma este fato, é a de que os Açores deixaram de ser uma das regiões mais pobres da União Europeia e ultrapassaram, pela primeira vez, os 75% do PIB per capita europeu. Passamos da região mais pobre do País, no tempo em que a actual candidata do PSD fazia parte do Governo Regional, com a pasta das Finanças, para a quarta mais rica. Apesar dos momentos conturbados que vivemos, os Açorianos percebem que não existe comparação com o que se passa na Madeira e no Continente e que as medidas aplicadas em cada região, são o exemplo disso mesmo.
Todos sabemos e estamos conscientes que há algum afastamento entre os cidadãos e a política, fato para o qual muito contribuiu a crise económica que atravessamos. Cabe a quem tem algum interesse por estes assuntos tentar passar a mensagem para o lado do eleitorado do que nos distingue.
Senão vejamos os mais recentes exemplos:
Numa visita ao DOP, os representantes do PSD-Açores na República, vieram criticar a Universidade dos Açores e o Governo Regional,  e todo o trabalho feito no âmbito da estratégia marítima, com declarações perfeitamente descontextualizadas da realidade, que logo foram alvo de veementes críticas por parte dos principais peritos em matéria do Mar dos Açores.
Depois do PS ter realizado no mês de Janeiro na nossa ilha umas jornadas parlamentares, subordinadas ao tema do Mar, este PSD e a sua líder, vêm ao Faial dois meses depois, realizar também umas jornadas, exatamente sobre o mesmo tema, fugindo das declarações dos seus deputados da República, como se não tivessem sido os deputados eleitos pelo PSD que têm abordado o assunto de forma negativa e atrapalhada.
Dessas jornadas sai uma conclusão que já todos conhecíamos. Já há muito que se trabalha na criação de condições para efetivar a reparação naval na nossa ilha, estando prevista a inclusão de projetos deste tipo para a frente mar da Cidade da Horta, nomeadamente para náutica de recreio. Quem profere tais declarações parece desconhecer que a Universidade dos Açores ministra o curso de operador marítimo-turístico na nossa ilha ou que a Escola Profissional da Horta tem um curso orientado para essa atividade, designadamente na área de Construção Naval/Embarcações de Recreio, que já está no seu 2.º ano. Mais uma prova que este PSD anda a reboque de muitas das ideias e medidas já apresentadas e aprovadas pelo PS.
Só esperamos que quando a obra avançar o PSD não venha criticar, como têm sido seu hábito, de forma injusta e desadequada, demonstrando que quer um poder a todo o custo e que, obviamente, não está preparado para exercer. Concluímos assim que afinal o PSD considera que o Faial está no caminho certo neste aspeto, assumindo a sua vocação marítima.
Percebemos assim que este PSD  tem uma liderança fraca, desgastada pelo tempo, está desorganizado e carece de sentido estratégico e político. O seu maior trunfo parece ser o tempo de governação do PS nos Açores e o momento de crise que o País e a Europa atravessam.
É então altura do PS aceitar o desafio. E já o fez, com uma candidatura liderada por Vasco Cordeiro. O desafio do PS é o de se reestruturar e se reinventar no sentido de manter uma governação ativa e direcionada para as pessoas.
Com uma liderança jovem, experiente, com uma nova geração, capaz de fazer equipa e de representar o futuro para esta Região e para o seu posicionamento no contexto nacional e Europeu.
Percebemos ainda que quando o PSD vem manifestar a sua posição denota não estar preparado, critica sem alternativa, promete para depois dizer que a culpa não é sua, acha que o que se faz deveria ser sempre diferente, mas revela-se incapaz de propor alguma ideia verdadeiramente inovadora. Este exemplo é só mais um, entre muitos, que poderá servir para esclarecer os Açorianos para que possam votar em consciência.
É importante que isso aconteça, para que se possa exercer o direito fundamental de escolher quem oferece as melhores propostas, quem se apresenta nas melhores condições de as concretizar, quem coloca os Açorianos sempre em primeiro lugar, quem será o nosso Governo.

Horta, 19 de Março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

O grande Chefe

(Foto: Fernando Pinto)
(Artigo Tribuna das Ilhas - 09/03/2012)

A comunidade escutista está mais pobre. Faleceu o nosso grande Chefe Jaime! Era um Homem de grandes valores, daqueles que se pode dizer com H grande.
Foi com muita tristeza que recebi a notícia do seu falecimento. O Chefe Jaime faz parte das minhas memórias de criança, tal como de muitas das pessoas que provavelmente lerão este escrito.
Tendo sido escuteira do Agrupamento 171 do CNE, na freguesia das Angústias, desde os 7 anos de idade até à minha ida para a Universidade, aos 18 anos, tive a honra e o privilégio de conviver com o Chefe Jaime de perto. Fiz o meu percurso nos Escuteiros orientada pelo Chefe Jaime, desde os Lobitos até aos Caminheiros. Ele esteve presente em todas as minhas promessas, nos acampamentos, nas reuniões aos Sábados à tarde na Sede, nos jogos de pista. Tudo era orientado pelo Chefe Jaime. Ele era efetivamente "o grande Chefe". O respeito e carinho que todos nutriam por ele era notório, e isso devia-se ao respeito e carinho que ele demonstrava para com todos. A notícia do seu falecimento espalhou-se nas redes sociais onde todos os comentários que li se demoravam em rasgados e merecidos elogios.
O Chefe Jaime acreditava nos valores que defende o escutismo. Baden-Powell, fundador deste movimento, ensinava que o escutismo pretende o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que lhe são incutidos, e através da prática do trabalho em equipa e da vida ao ar livre, fazendo com que os jovens assumam o seu próprio crescimento.
O grande Chefe acreditava nos jovens do seu Agrupamento, acreditava na juventude em geral, e posso dizer que me ensinou e me incutiu muitos dos valores que ainda hoje tento aplicar na minha vida: a fraternidade, o altruísmo, a responsabilidade, o respeito e a disciplina. Ajudou a formar várias centenas de jovens na nossa ilha, era um pedagogo, na verdadeira aceção da palavra, e era um grande amigo dos seus meninos, como nos chamava. Ensinou-me que a verticalidade nos atos é essencial. Em tudo na vida!
Para todos trazia sempre um carinho especial. Desde que me conheço por gente que todas as vezes que me encontrava me tratava por a "minha amora".
Quem o conhecia percebe bem o que digo. Impossível ter conhecido este homem e não se sentir tocado pelo seu espírito de bondade. O escutismo ficou mais pobre, a nossa ilha ficou mais pobre!
Mas a sua influência no escutismo estendia-se além do Faial. Os seus feitos por este movimento são reconhecidos em todos os Açores, e bem demonstrativo disso foram também as mensagens de pêsames que proliferaram de outros Agrupamentos e também do  Chefe Regional do CNE nos Açores
Por tudo o que fez pela freguesia das Angústias, pelo escutismo na nossa ilha, por ter formado pessoas melhores, que se tornaram melhores devido à sua passagem pelas suas vidas, aqui fica a minha mais sentida homenagem.
O ambiente de consternação que presenciei na sua missa de 7.º dia, o elevado número de pessoas presentes e as várias homenagens que lhe foram feitas, são bem demonstrativos do quanto as pessoas gostavam dele. Mas os grandes homens nunca morrem! Permanecem connosco, nas nossas memórias, nos nossos pensamentos, nos sorrisos que conseguem trazer ao nosso rosto todas as vezes que pensamos neles!
Sempre alerta Chefe!

Horta, 5 de Março de 2012