sexta-feira, 9 de março de 2012

O grande Chefe

(Foto: Fernando Pinto)
(Artigo Tribuna das Ilhas - 09/03/2012)

A comunidade escutista está mais pobre. Faleceu o nosso grande Chefe Jaime! Era um Homem de grandes valores, daqueles que se pode dizer com H grande.
Foi com muita tristeza que recebi a notícia do seu falecimento. O Chefe Jaime faz parte das minhas memórias de criança, tal como de muitas das pessoas que provavelmente lerão este escrito.
Tendo sido escuteira do Agrupamento 171 do CNE, na freguesia das Angústias, desde os 7 anos de idade até à minha ida para a Universidade, aos 18 anos, tive a honra e o privilégio de conviver com o Chefe Jaime de perto. Fiz o meu percurso nos Escuteiros orientada pelo Chefe Jaime, desde os Lobitos até aos Caminheiros. Ele esteve presente em todas as minhas promessas, nos acampamentos, nas reuniões aos Sábados à tarde na Sede, nos jogos de pista. Tudo era orientado pelo Chefe Jaime. Ele era efetivamente "o grande Chefe". O respeito e carinho que todos nutriam por ele era notório, e isso devia-se ao respeito e carinho que ele demonstrava para com todos. A notícia do seu falecimento espalhou-se nas redes sociais onde todos os comentários que li se demoravam em rasgados e merecidos elogios.
O Chefe Jaime acreditava nos valores que defende o escutismo. Baden-Powell, fundador deste movimento, ensinava que o escutismo pretende o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que lhe são incutidos, e através da prática do trabalho em equipa e da vida ao ar livre, fazendo com que os jovens assumam o seu próprio crescimento.
O grande Chefe acreditava nos jovens do seu Agrupamento, acreditava na juventude em geral, e posso dizer que me ensinou e me incutiu muitos dos valores que ainda hoje tento aplicar na minha vida: a fraternidade, o altruísmo, a responsabilidade, o respeito e a disciplina. Ajudou a formar várias centenas de jovens na nossa ilha, era um pedagogo, na verdadeira aceção da palavra, e era um grande amigo dos seus meninos, como nos chamava. Ensinou-me que a verticalidade nos atos é essencial. Em tudo na vida!
Para todos trazia sempre um carinho especial. Desde que me conheço por gente que todas as vezes que me encontrava me tratava por a "minha amora".
Quem o conhecia percebe bem o que digo. Impossível ter conhecido este homem e não se sentir tocado pelo seu espírito de bondade. O escutismo ficou mais pobre, a nossa ilha ficou mais pobre!
Mas a sua influência no escutismo estendia-se além do Faial. Os seus feitos por este movimento são reconhecidos em todos os Açores, e bem demonstrativo disso foram também as mensagens de pêsames que proliferaram de outros Agrupamentos e também do  Chefe Regional do CNE nos Açores
Por tudo o que fez pela freguesia das Angústias, pelo escutismo na nossa ilha, por ter formado pessoas melhores, que se tornaram melhores devido à sua passagem pelas suas vidas, aqui fica a minha mais sentida homenagem.
O ambiente de consternação que presenciei na sua missa de 7.º dia, o elevado número de pessoas presentes e as várias homenagens que lhe foram feitas, são bem demonstrativos do quanto as pessoas gostavam dele. Mas os grandes homens nunca morrem! Permanecem connosco, nas nossas memórias, nos nossos pensamentos, nos sorrisos que conseguem trazer ao nosso rosto todas as vezes que pensamos neles!
Sempre alerta Chefe!

Horta, 5 de Março de 2012

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