sexta-feira, 30 de agosto de 2013

I.Incêndios II. Debates autárquicos



Artigo publicado no Tribuna das Ilhas 
(30/08/2013) 
I.  O país está a ser fustigado por incêndios. Todos os anos por esta altura assistimos ao desenrolar destas fatídicas situações, por vezes de autêntico terror. A aflição das pessoas que veem os seus bens ameaçados é angustiante. O espírito de entre ajuda entre as populações evidencia-se e todos tentam auxiliar da forma que podem.
Este ano o balanço dos incêndios está a ser verdadeiramente trágico, sendo que já 4 bombeiros perderam a vida no combate aos mesmos. Os bombeiros são verdadeiros heróis no combate a este flagelo. Na sua grande maioria voluntários, disponibilizam-se a pôr a sua própria vida em risco em defesa do País e das suas populações. Por isso considero que, muitas vezes, a sua atividade é pouco valorizada. Têm poucos meios e mesmo assim dão o seu melhor no terreno, lutando muitas vezes até ao limite das suas forças. Não posso deixar de referir a ausência de reconhecimento e voto de condolências público, pelo menos à data em que escrevo estas linhas, por parte do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, aos 4 soldados da paz falecidos em “combate” pelo nosso País e por todos nós. Esta ausência de condolências e reconhecimento público, quando outros exemplos para entidades ou individualidades nacionais e estrangeiras aconteceram recentemente, deu origem a uma revolta e forte indignação nas redes sociais, sobretudo no Facebook dos visados.
A limpeza das matas é essencial para tentar minimizar os incêndios. Essa é uma competência do Estado, que neste aspeto dá muitas vezes um mau exemplo, mas também dos proprietários particulares, que têm necessariamente de ser sensibilizados para tal. É crucial passar a haver uma maior aposta na prevenção, o que permitiria diminuir os focos de incêndios e ainda aumentar a eficácia no combate aos mesmos. Infelizmente tal não acontece. O Estado gasta cerca de 80% da verba nos combates a incêndios e apenas 20% em prevenção, um claro erro de gestão que se fosse alterado, segundo os especialistas, permitiria diminuir a despesa e o aumento da eficácia dos dispositivos. 
Um dos aspetos que mais choca nesta temática é que, muitos destes incêndios, tem o seu início em fogo posto e a moldura penal não é suficiente para dissuadir tanto os criminosos que os ateiam, bem como os seus atores morais. Deverá também agravar-se a moldura penal e a mão da justiça tem de ser sempre pesada nestes casos, bem como a prevenção que deverá ser feita pelas autoridades para evitar que tal suceda.
Deixo o meu apreço a todos aqueles que combatem este flagelo e as minhas mais sentidas condolências às famílias dos heróis que perderam a sua vida na defesa dos outros.

II.  A RTP-Açores tomou a decisão de realizar todos os debates autárquicos em S. Miguel, decisão que não se compreende dado haver centros da televisão pública regional, tanto em Angra como na Horta. E a desculpa da falta de meios técnicos não colhe, porque, no caso da Horta, todos os meses é gravado o programa “Parlamento”, sem que alguma vez se tenha verificado falta de meios para tal. Acresce o facto de, se os debates se realizarem na nossa ilha, serão dirigidos por profissionais do Faial, que obviamente possuem um melhor conhecimento, tanto dos candidatos, como das necessidades dos faialenses e da ilha do Faial.
A RTP-Açores serve para unir os açorianos, como aliás sempre tem sido seu apanágio, e não para os separar com decisões discriminatórias. É essencial estarmos todos unidos na defesa da tripolaridade da RTP-Açores, principalmente no que toca ao pólo da Horta. A génese dos princípios autonómicos assenta nessa tripolaridade e não no esvaziamento de competências de alguns dos centros em relação aos outros.
Saúdo a decisão de todas as candidaturas autárquicas na nossa ilha de se recusarem a deslocar-se a S. Miguel. Temos de nos unir no repúdio a esta decisão e frisar que o Centro da RTP-Açores na Horta é o local indicado para a realização de debates com os candidatos a Presidente da Câmara no Faial. Espero que tal possa vir a acontecer e  que a união agora demonstrada num interesse comum, possa ser no futuro replicada em outras causas.

Horta, 27 de agosto de 2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

“É por causa das eleições!”


Artigo Tribuna das Ilhas (16/08/2013)
 
Estamos a viver uma altura em que é comum ouvirmos certas pessoas dizerem que tudo o que é feito, seja por parte do Governo Regional, Presidentes de Câmara ou Presidentes de Junta, qualquer que seja a sua cor partidária, tem como objetivo único as eleições que se aproximam. Muitas das vezes com um sentido pejorativo, como se estivessem a tentar enganar o eleitorado, ou pior, a passar um atestado de ignorância aos seus concidadãos. Compreendo o porquê de algumas afirmações e não quero omitir que muitas vezes se tenta juntar o útil ao agradável, mas cai-se num exagero doentio, sobretudo nas redes sociais e por vezes até em alguns órgãos de comunicação social. Gostaria de aqui deixar algumas ideias sobre o assunto:
Todos os anos temos eleições nos Açores, por vezes até mais do que uma vez por ano. Assim, torna-se impossível fazer algo em determinado ano, sem que se possa utilizar a máxima “É por causa das eleições”, e por outro lado, se só se apresenta obra (que vai para além do betão) nas vésperas de eleições, nos Açores podemo-nos considerar uns privilegiados, porque todos os anos temos motivos para tal!
Fico também com a ideia que as pessoas se esquecem que quem vence eleições, tem um mandato de 4 anos para passar à prática as suas ideias e o importante é que consiga fazer a maioria delas dentro desse prazo. A estatística comprova que não é tudo feito no fim de mandato (véspera de novas eleições), mas parece-me que existe alguma razão de ser quando se afirma que muitas das principais obras têm tendência para ficar prontas no último ano, ao que também não será alheio a complexidade e custo das mesmas, bem como o objetivo de terminar o mandato com “obra feita”.
Depois caímos no erro do criticar por criticar. Temos aqueles que passam todo o tempo a queixar-se que não se faz nada, quer seja na freguesia, no município ou na Região, e depois quando se faz, terminam sempre com “É por causa das eleições”, normalmente seguido por um “A mim não me enganam!”. Resumindo, para certas pessoas, é-se preso por ter cão e por não ter, aquilo a que podemos chamar de esquizofrenia da opinião!
Recordo-me sempre de um ensinamento que aprendi quando era mais nova e que dizia, mais ou menos, assim: No Mundo existem 2 tipos de pessoas, aquelas que passam a vida a criticar o que os outros fazem e aquelas que se chegam à frente e, umas vezes bem e outras menos bem, é certo, efetivamente fazem alguma coisa em prol da sociedade.
 
Horta, 12 de agosto de 2013